quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Quitanda Mineira



“Comida Mineira: trem danado de bão
Filho de Maria Stella Libanio Christo, autora do clássico Fogão de Lenha – 300 anos de cozinha mineira, sinto-me com muito apetite para apresentar a culinária mineira.
Minas é um estado de espírito que se conhece pelo paladar. Basta levar à mesa, em qualquer lugar do mundo, o Mexidão da Beth Beltrão; a Carne Moída Atrás do Muro do Cantídio Lana; ou o Ioiô-com-IaIá de dona Lucinha. Acrescentem-se: prosa solta, um gole de cachaça ou licor de jabuticaba; e o profundo sentimento de fraternura. É em torno da mesa que o mineiro congrega a família, reúne amigos, celebra a vida. Em Minas, a mesa é o verdadeiro altar, onde se partilham tristezas e alegrias, nostalgias e sonhos, na conversa tão espichada quanto ladainha de igreja. Salivam-se saudades deixadas no paladar. O coração transborda no jeito mineiro de conversar: as frases são sinuosas e delicadas como as curvas das montanhas.
A culinária mineira deita raízes na variedade da cozinha indígena, nos queijos e toucinhos vindos de Portugal, na criatividade do voraz apetite dos escravos das minas de ouro e diamante. Mineiro, quando se alimenta, se acalenta.
(quitanda em Minas é quitute)
Frei Betto

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