Jeito de Mato

Aqui onde o som da terra pulsa junto com meu coração,

Aqui onde o cheiro de mato,de terra molhada ao amanhecer me fazem lembrar de você.

Aqui no meio da natureza onde resplandece tua beleza onde tudo é lindo onde me sinto bem nesse lugar que estou e jamais quero sair....

Aqui neste lugar onde tudo acontece ao mesmo tempo....onde os filhos da natureza se encontram é o lugar onde nos encontramos.....onde nascemos,onde crescemos...

Aqui onde me sinto bem me sinto criança me sinto tão em casa.

Aqui onde posso cavalgar em meio aos eucaliptos e sentir o ar puro.

Aqui onde sou livre,onde posso ser eu onde posso me esconder do mundo.

Aqui onde troco o banco do carro por uma sela,onde troco a corrida por um galope,onde posso ser selvagem.

Posso passar a mão sobre o dorso do animal cansado depois de um galope longo e sentir sua respiração ofegante,sua pelagem suada,seu pulsar,seu pedido por um descanso...ele sente sede. Sempre olhando o horizonte que se perde de tanto verde....até o longe só o verde das campinas...

Me sento na beira da lagoa onde meu cavalo se refresca com um bocado de água....me sinto na necessidade de fazer o mesmo...posso sentir a água fria e gélida refrescando minhas mãos,minha boca,minha garganta....ao longe escuto um radinho tocando uma música de caboclo triste e apaixonado....me lembro de você...o sol se põe e assisto ali da beira da lagoa esse espatáculo tão lindo,o céu tão laranja o crepúsculo que chega...as estrelas a lua cheia...e novamente voce.

Olho ao longe vejo no horizonte relâmpagos e uma chuva que se aproxima...subo no meu alazão e retorno...o vento,o frio,a chuva que chega....

Chego ao curral,apeio e conduzo meu cavalo até sua baia,lá tiro sua cela,seu freio,seu arreio....lindo ele quase que agradece seu merecido descanso,vejo em seus olhos que somos parecidos,por levamos e nossos corações o amor pela natureza.

Me acho mais parecido com os animais do que com gente,animal ama e protege,age por instinto,gente mata e despreza faz por maldade,mente e engana...animal não faz nada disso.

Deixo ele lá pra descansar depois de um dia cansativo a percorrer os pastos a apartar os bois,a tocar o gado....

Vo pra minha casinha e ali na varanda deito em minha rede,ali também posso descansar e tomar meu cafezinho quente,ali posso pensar,ali posso lembrar e matutar o tempo....ali novamente me lembro de você.Do seus cabelos,do seu sorriso doce,da sua boca,das suas mãos,do seu cheiro....então a dor no peito volta.Mas meus pensamentos viajam até você sem parar e junto com o cantar dos grilos,do cheiro da terra molhada,do barulho das gotas batendo na lata,da garoa fina da chuva que se foi....adormeço....e novamente o galo canta.